Tempo de Renascimento | A Luz Que Retorna
- Supremo Conselho de Portugal
- 19 de abr.
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Atualizado: 21 de abr.
Tempo de Renascimento
Há instantes em que o Cosmos e a Terra respiram em uníssono — como se revivessem um antigo pacto entre a Criação e a Vida. São momentos sagrados, nos quais tudo se alinha em silêncio, e o Invisível toca o visível. Atravessamos agora um desses tempos, a que muitos chamam Páscoa, mergulhados nos ritos, nas memórias e nas tradições das suas religiões.
Depois do silêncio dos invernos — interiores e exteriores — quando a Luz parece ter sido extinta no Ocidente, a vida começa a pulsar de novo. A aurora desponta. A semente germina. A pedra esquecida é novamente colocada sobre o traço do Compasso. É o ciclo eterno do renascimento, onde tudo o que dorme desperta, e tudo o que foi tocado pelo fogo da adversidade encontra uma forma mais pura.
Neste tempo simbólico, celebrado desde a mais remota Antiguidade, honra-se a libertação do espírito, a superação da morte, o triunfo da esperança sobre o desespero, da justiça sobre a opressão, da luz sobre as trevas.
É também o tempo da vigília interior, quando a palavra se cala e o olhar se volta para dentro. Quando a Câmara permanece na penumbra, e o coração do Iniciado se prepara para receber, de novo, a centelha da Vida.
É o tempo dos mistérios maiores, quando o ser humano, em comunhão com os ritmos da natureza, redescobre em si a Luz que nunca se extinguiu. É o tempo da pedra bruta que anseia ser cúbica. Do Aprendiz que, no silêncio da Câmara, intui que a verdadeira ressurreição é interior.
Na Tradição iniciática, não celebramos apenas o que acontece fora de nós, mas também — e sobretudo — o que se transforma em nós. Este é o tempo da passagem, do equilíbrio reencontrado entre a razão e o sentimento, entre o gesto e a contemplação, entre a matéria e o Espírito.
Assim, neste tempo de Páscoa sem nome, quando os trabalhos se reabrem sob a Luz recuperada, renovamos os votos com a Vida, com a Fraternidade e com o eterno trabalho da Luz sobre a Pedra.
Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho de Portugal
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