Diálogos cruzados
Palavra perdida - Palavra simbólica cujo conhecimento Hiram Abi levou para o túmulo, contra as pretensões dos seus assassinos. A sua busca constitui, em última análise, o fim último da Maçonaria, patente nos rituais de diversos graus. Simbolicamente, pode interpretar-se a palavra perdida como a perfeita compreensão, a essência do conhecimento, a procura da Verdade, em suma.
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O que é o G.A.D.U?
O G.A.D.U. (Grande Arquiteto do Universo) é um símbolo, como evidencia claramente este nome. A obrigação da crença num símbolo não existe e seria absurdo, sendo este nome o de um Princípio transcendente.
O objecto da crença situa-se, sempre que se trata de símbolos, mais além do símbolo, por cima do símbolo.
Esse objecto de crença, para a consciência livre de um maçon, pode ser o Deus revelado, um Deus não revelado, o Princípio incognoscível, o Mistério, a Transcendência. Pouco importa o nome que se dê a essa realidade.
O génio da Maçonaria consiste em termos podido elevarmo-nos, para aceder a uma realidade incognoscível, sem nomeá-la, de dominador comum, de cobertura que evita as fricções, as paixões, as torturas e as guerras de religião, esse símbolo máximo do R.E.A.A., frequentemente escamoteado, apagado pelos inconscientes que o ignoram em relação à função do símbolo.
Quando se observa a actual guerra das religiões monoteístas em Jerusalém, para não falar nos integrismos geradores de terrorismo, respira-se melhor e pode-se afirmar que encontrámos uma fórmula preventiva maravilhosa contra todas as noites de São Bartolomeu e demais Irlandas do Norte.
O que é "Glorificação"?
O termo “glorificação” é derivado da designação técnica “glória”. A “glória” era a representação, na pintura, dessa irradiação luminosa em cujo interior figurava um tema místico.
Glorificar alguém significava atribuir-lhe uma qualidade mística ou transcendente. Tal é a razão pela qual, apoiando-nos na tradição linguística, glorificamos o G.A.D.U..
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"Ordo ab Chao"
Mas a Maçonaria, na tranquilidade dos seus dos templos, apresenta-se como uma mansão de serenidade, que pela reflexão que suscita, protege os seus adeptos dos rudes golpes recebidos do mundo exterior. Isto é perfeitamente certo para o Rito Escocês Antigo e Aceite, cuja divisa é, relembramos, Ordo ab Chao. O primeiro sentido deste tema refere-se ao universo colocado na Ordem a partir do confuso magma que o caracterizava na origem. Similarmente, na sociedade moderna faz-se referência à boa organização de uma instituição que afasta a desordem para fazer reinar a harmonia entre os seus membros.
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A Bíblia
A Bíblia encontra-se no altar dos Juramentos.
Pode parecer um tema polémico para quem já não se recorda da frase “aqui tudo é símbolo", que ouviram no dia da sua iniciação.
A Bíblia não é para os maçons senão um símbolo e não um livro religioso. Um símbolo que está sempre debaixo do esquadro e do compasso.
Frequentemente se põe o problema da possível presença de outro livro da lei Sagrada. A resposta é peremptória: a Bíblia, fonte de todas as lendas dos nossos graus é, por si só, insubstituível.
Porque foi a mesma eleita como fonte das lendas com preferência sobre este ou aquele livro da lei sagrada?
Simplesmente, porque os maçons das primeiras lojas eram ocidentais e não lhes ocorreu, nem por um instante, pôr o Corão ou o Tora no altar dos Juramentos. Se adiantarmos que todos eles eram cristãos ou judeus, ficará ainda mais claro o motivo da sua escolha. A tradição fez o resto.
Mas também é muito natural que o profano de outra religião que no dia da sua iniciação, como pode acontecer, o ignora de todo em relação ao símbolo, em relação ao seu significado e à sua função, não pode considerar a Bíblia senão como um livro religioso e de uma confissão que nada tem a ver com a sua. Para ele, a Maçonaria de Rito Escocês Antigo e Aceite, que é a nossa, na sua grande inteligência, sabedoria e tolerância, aceita sem a menor reserva a presença de outro livro sagrado junto à Bíblia (sem retirar a Bíblia do Altar dos Juramentos).